DIÁRIO DE TRANSBORDO: OFICINA DE DESENHO I ![]() DIÁRIO DE TRANSBORDO: OFICINA DE DESENHO I[1] Rafael Muniz Espíndola[2] Por onde começar? Será que começar é o melhor começo? Começar é escolher, optar entre quais pedras caminhar, é traçar, mirabolar, planejar no escuro. É destempero da mão É rastejo dos olhos É percurso repercutido dentro e fora como um rastro que se faz sempre presente. A ideia é criar um caminho de linha e de vida, de extravasamento de linhas, extravasamento do real em registros imagináveis e inimagináveis. Fabulando percursos. É um voo de vista em não saber como nem onde chegar. Risco. Arrisco. Traço, laço nó. Maço. Mancha. Breu de nuvens entre os olhos e a mão. Uma nuvem entre o que se quer ver e o que se deseja fazer. São dois caminhos que se desejam percorrer nesse sentido, um do desejo e outro do produto. Mas o contrário é que desejo criar, é com o caminho que torno a linha em pensamento. É na experimentação que tornamos a nos experimentar. É a ponta do pé que irradia na ponta da mão, passando pelas panturrilhas, tensionando joelhos, vibrando coxas, trancando quadris, forçando o abdômen, clavícula, braço antebraço, falange e lápis e linha e curva e desenho e caminho. Tudo começa na curva, a curva é uma linha infinita de possibilidades. É nela que projetamos e construímos alvos, as tangentes. Escapamos por elas quando fazemos a curva, mas sempre acabamos numa delas, fugimos de outras tantas tangentes, mas acabamos em uma delas, optamos deixar para trás. Escolher é dobrar planos e forjar linhas, cada linha é uma escolha cujo caminho não é determinado no começo, nem no meio, tampouco sabemos onde é o fim. Esses pontos só são perceptíveis depois que passam. Descemos sempre na parada errada. A linha força a escolha de um lado, e se quiser ir para os dois lados? Não escolher lado algum, mas o lado de dentro, a mistura de duas ou mais linhas. É um lá e outro cá. Ou dois lá. É um som alto, agudo, piiiiiiiiiiiii............ que muda o ritmo, linha som, Código Morse, SOS naufragamos . há riscos no traçar, um emaranhado deles. Nesses riscos quanto pensamento cabe em um percurso. Quantas ideias cabem em uma linha? Que linhas são essas? Passeio, pesquisa, costura, vídeo, fotografia, gravura, nada, do nada, de nadar, de dança, de performance. O quanto de performance tem no meu desejo? Será que forjo o meu desejo? Quem de vocês forja uma ideia para se agarrar a ela e começar a acreditar nas suas mentiras? Quanto imito a verdade que gostaria de ser? De ter? a interrogação também é uma linha curva, mas ao contrário dela, a linha não termina em um ponto, ela termina com mais interrogações. Com duas interrogações contrárias que se unem. A linha é infinita. A linha transborda e o transbordar é desmesura da realidade. Uma realidade que não se comporta em si, que te infliges, afliges, sub-ter-finge, modula e remodula, medula. Constrói e destrói. Que não dá conta. Que conhece a realidade alterando-a, transfigurando, transbordando. Desejo que vocês comecem a desejar e tornem-se desejosos, procurem, voyerizem-se. Criem intercedências geo-afetivas de vagamundagem vagabundagem e errância. Uma geografia surgida como ciência a partir do século XVIII mais voltada a literatura onde o indivíduo apreciada, através do naturalismo e do humanismo tendência romântica em relação a natureza (AMARO, 2013). Construção expansiva da realidade. Referência: AMARO, Fernanda Ribeiro. Escritos de Viagem e a Construção do Espaço Vivido por meio do deslocamento. Universidade Federal de Uberândia, Instituto de Geografia. São Paulo, 2013. [1] Texto escrito a partir da realização da oficina Diário de Transbordo, realizada no dia 06/06/2016, ministrada pelo bolsista de extensão e artista Rafael Muniz Espíndola. A oficina é uma ação dos Estudos do Corpo, que é uma atividade de Extensão da FACED/UFRGS sob a coordenação da Profª Daniele Noal Gai e Wagner Ferraz. [2] Rafael Muniz Espíndola - Artista Visual. Acadêmico da Graduação em Artes Visuais (UFRGS); Integrante dos Estudos do Corpo; Integrante do NAI - Núcleo de Arte Impressa do Instituto de Arte da UFRG. Estudou no Atelier Livre da Prefeitura Municipal de Porto Alegre (Atelier Livre Xico Stockinger) em desenho no ano de 2009, gravura em metal entre 2011 e 2013; e no Museu do Trabalho em litografia no ano de 2013. Já teve suas produções artísticas em diversas exposições: Exposição [entre] corpos (2016), Feevale, DESEJOS DESENHOS no espaço expositivo do Centro Municipal de Cultura, Arte e Lazer Lupicínio Rodrigues (2014), Instituto de Artes UFRGS, espaço Ado Malagoli (2015), entre outras. http://cargocollective.com/RafaelMuniz Para referenciar este texto: ESPÍNDOLA, Rafael Muniz. Diário de Transbordo: Oficina de desenho I. Estudos do Corpo/Cartografar Corpos – Atividade de Extensão FACED/UFRGS. Ano 05, Porto Alegre, 2016. Disponível em: http://estudosdocorpo.weebly.com/blogue/diario-de-transbordo-oficina-de-desenho-iestudosdocorpo.weebly.com/blogue/diario-de-transbordo-oficina-de-desenho-i ![]()
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