![]() DIÁRIO DE TRANSBORDO: OFICINA DE DESENHO II[1] Rafael Muniz Espíndola[2] O espaço em branco, ou negativo, como alguns preferem chamar, pode ser tratado como o espaço (em) torno[3], espaço a ser modelado com a criação de um corpo e o espaço que modela este próprio corpo, como máquina para modelagem de duplos. Cria-se o não-espaço na criação de um corpo espacial, ou seja, o branco é criado com a massa de linhas, de manchas, de tudo o que o deixa para o fundo e justaposto e contraposto e sobreposto e posto e outros. Entorno entre mim e ti, “entretorno” é um emaranhado de devires. Bem poderia ser que o espaço em branco sugerisse aberturas de caminhos como se em suas mãos pousassem as chaves de São Pedro, os garfos dos Exus, as armadilhas camufladas para que belas presas sejam subjugadas ao crivo do destino, do desígnio e do desejo. Aberturas de morte. Mas chamo-o de branco, de espaço em escape, de modulação e de suspiro. Branco em construção. Em excedência. Antes, perceba que o espaço em branco só é notado quando se suja a superfície, quando os planos homogeneízam e misturam-se. O branco é a sujeira, interferência, a inferência e o que faz com que os olhos fiquem presos a eles. Há um detalhe para que se atente: o branco é o espaço, não a cor, não há cor, assim como não existe. Não ex este. Não está fora de nós. Não é identitário. Não territorializado. Embora tenha escrito algumas coisas das quais o branco não se trata, não significa que trata-se de um branco de negação, mas de um branco em construção, de um espaço de ex-físico. ______________________________________________________________________________________________________________________________ [1] Texto escrito a partir da realização da oficina Diário de Transbordo, realizada no dia 13/06/2016, ministrada pelo bolsista de extensão e artista Rafael Muniz Espíndola. A oficina é uma ação dos Estudos do Corpo, que é uma atividade de Extensão da FACED/UFRGS sob a coordenação da Profª Daniele Noal Gai e Wagner Ferraz. [2] Rafael Muniz Espíndola - Artista Visual. Acadêmico da Graduação em Artes Visuais (UFRGS); Integrante dos Estudos do Corpo; Integrante do NAI - Núcleo de Arte Impressa do Instituto de Artes da UFRG. Estudou no Atelier Livre da Prefeitura Municipal de Porto Alegre (Atelier Livre Xico Stockinger) em desenho no ano de 2009, gravura em metal entre 2011 e 2013; e no Museu do Trabalho em litografia no ano de 2013. Já teve suas produções artísticas em diversas exposições: Exposição [entre] corpos (2016), Feevale, DESEJOS DESENHOS no espaço expositivo do Centro Municipal de Cultura, Arte e Lazer Lupicínio Rodrigues (2014), Instituto de Artes UFRGS, espaço Ado Malagoli (2015), entre outras. http://cargocollective.com/RafaelMuniz [3] Torno /o/: trata-se de uma máquina com eixo horizontal e cilíndrico usado para modelagem ou acabamento de peças. _____________________________________________________________________________________________________________________________ Para referenciar este texto (ou trabalho): ESPÍNDOLA, Rafael Muniz. Diário de Transbordo: Oficina de desenho II. Estudos do Corpo/Cartografar Corpos – Atividade de Extensão FACED/UFRGS. Ano 05, Porto Alegre, 2016. Publicado em 20/06/2016. Disponível em: http://estudosdocorpo.weebly.com/blogue/diario-de-transbordo-oficina-de-desenho-ii ![]()
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