![]() CURSO INTENSIVO UM PLANO DE IMANÊNCIA PARA PESQUISAS “COM” CORPOS Os Estudos do Corpo está entrando no seu 7º ano de atividades em 2018. Em todo esse tempo, tem se dedicado a estudar o tema corpo atravessado pelos temas criação, educação e pesquisa no encontro com diversas artes. Partindo desses estudos, o curso Um plano de imanência para pesquisas com corpos, propõe pensar as pesquisas artísticas e acadêmicas, onde o corpo vem a ser a condição de experimentações no plano da vida. Para isso, leva-se em consideração, os processos artísticos e educadores do corpo na produção de conhecimento, entendendo que as condições para pesquisar se dão nos encontros com os corpos. O curso tratará da prática da discussão, leitura e pensamento, entendendo-as por processos corporais. Público alvo: Artistas, estudantes, pesquisadores, professores e interessados em geral que busquem estudar o tema corpo e pesquisa. Dias: 16, 17 e 18 de janeiro de 2018 (Terça, quarta e quinta-feira); Horário: das 9h às 12h (manhã); Local: Auditório do Ateliê Livre; Ministrante: Wagner Ferraz; N° de alunos(as) para fechar turma, necessita-se de no mínimo 10 inscritos; Valor: R $ 160,00; Inscrições: até o dia 14 de janeiro de 2018 pelo link: https://goo.gl/8CxjB3; Atestado: Os participantes com 75% de presença receberão um atestado por sua participação no curso. PREENCHA O FORMULÁRIO ABAIXO, AGUARDE O RETORNO NA SUA CAIXA DE E-MAIL COM INFORMAÇÕES SOBRE COMO EFETUAR O PAGAMENTO. APÓS TER PREENCHIDO O FORMULÁRIO E TER REALIZADO O PAGAMENTO, VOCÊ RECEBERÁ UM E-MAIL CONFIRMANDO SUA INSCRIÇÃO. Contato: estudosdocorpo@gmail.com Apoio: Centro Municipal de Dança - SMC Porto Alegre/RS.
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(DES)EQUILÍBRIOS NUM TEXTO ACERCA DE UMA bIENAL (DES)EQUILÍBRIOS NUM TEXTO ACERCA DE UMA bIENAL ESTEVES DIEGO[1] Estudos do Corpo É segunda-feira final da manhã. Estamos todos, como de costume, sentados ao entorno da mesa onde eu, em uma das pontas, entre Anderson Luiz de Souza e Fernanda Bertoncello Boff, finalizo um relato, com auxílio da segunda, sobre nossa participação na XII Bienal Internacional del Juego, em Montevideo (UY). Na ocasião, Fernanda e eu ministramos a oficina “Variações de si: encontro e invenções” representando o Estudos do Corpo[2]. Wagner Ferraz, me convida para fazer um relato por escrito para publicar no blog do grupo, e Anderson reforça que esse relato é importante para o relatório do Estudos do Corpo, tanto quanto do projeto de extensão realizado no Espaço eXquiZ[3], local onde nos reunimos. Eu prontamente respondo que posso fazê-lo, ainda pela noite. Como de praxe, assim que cala minha boca, algo sussurra na minha mente: isso não vai ser tão fácil quanto tu fez parecer pra ti mesmo quando o afirmou. Eu sempre me repito nesses aceites espontâneos, ainda que, atualmente, por mérito da idade, esteja a delegar algum tempo ao tempo para que eu, e o tempo, mensuremos o trabalho necessário para fazer o que se queira fazer e, o tempo que no futuro terei, ou não, para fazê-lo. No entorno da mesa também estão outras três pessoas, das quais não recordo o nome. Problema de memória. A este problema se junta outro, o do meu ânimo exagerado que não mensura as dificuldades apresentadas pelo tempo ao que pretendo fazer, assim como outras restrições impostas pelo viver. De qualquer maneira, gostaria de me desculpar aos colegas, se por ventura vierem a ler esse texto, pelo problema de memória. Assim dito, se manifesta a primeira dificuldade deste relato. Dificuldade que se apresenta no correr da noite da mesma segunda-feira, entre leituras de textos, entre Onetti e Compagnon[4]. Por onde começar? Esse problema que, ao que me parece, é um clichê e um equívoco. Sobre o clichê não vou falar. Sobre o equivoco, tampouco. Somente que o começo já começou ainda que não começado, já que o fim não terminou, e o movimento é contínuo. Depois dessa frase, vou tratar de tentar não usar outros clichês. Sinceramente, devo dizer, ainda que pese, muito do que escrevo me incomoda e tenho ganas de apagar – resisto a mim mesmo não sei ao certo porque, mas tem algo com um jogar com o erro e com o fato de que nunca vou escrever como um Onetti ou um Cortázar. Quiçá possa fazer dessa escrita torta e errática o meu estilo. Isso deve bastar. Estamos no avião a caminho do Uruguai, Fernanda dorme e eu ouço Drexler e leio Neruda[5]. Tenho tentado manter todo o contato possível com o espanhol. Fiz algumas aulas antes de viajar e andava por pensar em conseguir uma namorada por Montevideo, assim que o aprendizado seria mais intenso. Não entendo a turbulência, se não há nuvens. No meu último vôo, quando retornava de Maceió, a turbulência em uma tempestade na chegada à Porto Alegre fez o piloto retornar para Santa Catarina. Mas estou por relatar Montevideo. O evento aconteceu quase todo na Intendência Municipal de Montevideo. A sala tinha o nome de alguém que agora não me recordo, creio que o sobrenome tinha Campos. Em algum momento passado da minha vida ouvi um chiste (não sei bem se essa palavra cabe assim em português, mas me encanta seu uso no espanhol e vou usá-la aqui por gosto, apesar do sentido) acerca dos gigantes que viveram outrora em certos prédios, dado as portas e janelas enormes que os constitui (os prédios, não os gigantes). Nossa sala de realização da oficina, onde também ocorriam as principais atividades da Bienal, entre elas a abertura e o encerramento, e onde também viveram gigantes, tinha lustres muito grandes, sobre os quais eu evitava ficar embaixo por me questionar se aquele cabito poderia de fato sustenerlos. Que passa é que entre sexta e terça-feira, dias 15 e 19 de setembro de 2017, muitos encontros se deram e sobre eles me gostaria falar. Um relato à título de seu uso para um relatório pede, contudo, informações contábeis e bem fundadas: três oficinas, em média 70 pessoas por oficina, três horas de duração cada uma, sendo que dessas, 20 minutos para uma charla final. A oficina se repetia, com variações, as pessoas eram sempre outras. Nossa oficina esteve às voltas com a ideia do (des)equilíbrio. De que o desequilíbrio não é o oposto do equilíbrio. De que o desequilíbrio é uma condição para o equilíbrio. Assim como se perder é parte do encontrar, errar do acertar, e outros clichês. Entre os jogos que propomos na ocasião, em comum esteve o intento de descentralizar os corpos: do centro de gravidade, do centro da identidade. Desde um movimento físico, da proposta de compartilhar meu desequilíbrio com outro, e assim encontrar um equilíbrio compartido, prover um desequilíbrio de si, das articulações anatômicas para a articulação entre eu, minha autonomia, minha segurança e fronteira com o desconhecido. De se permitir jogar nesses encontros onde entrego meu peso e onde carrego o peso de outrem: quanto peso carregamos em nosso corpo? E de encontrar um outro: o outro do outro, os outros em mim. Me gusta falar sobre a língua. Sobre pensar com ela. Nessa frontera onde mezclar palavras confunde o erro com uma opção estética. Me gusta. Uma poética da existência, adonde se desequilibrar seja o jogo imposto a si como condição para movimentos variados: um desequilíbrio não orientado numa direção, um desequilíbrio descoordenado. Ao desconfiar que a língua seja o nosso suporte de equilíbrio, exercito-me num jogo de escrita. Descentralizar a si, quiçá o interlocutor. Jogar numa zona confusa onde o sentido pode nunca encontrar o equilíbrio final, o sentido real. Entregando o jogo: encontrar e inventar. Ou não encontrar. E inventar. Vou retornar a leitura de Onetti, no original em espanhol, que comprei em Montevideo, e Compagnon, traduzido para o português do francês. Não porque não teria mais o que relatar, mas, sobretodo porque me parece caro e hermoso, atentar para o tempo das coisas, e sentir a chegada do final. Acerca do fim encontro na lembrança o que pode até ser outro clichê, mas que na voz de Jorge Drexler, enquanto o avião descia para Montevideo, soava como manifestação poética mais real que qualquer fenômeno físico: todo se transforma. Notas que podem ser importantes:
"Minha" versão de mim Qual versão de mim devo contar-lhes? Mas e se todas são passadas, qual devo contar no instante dessa escrita que Ao ser lida já passado será? Minha versão de hoje amanhã será ontem E o que posso contar-lhes então nada mais é do que vocês escreverão, na leitura que cria suas próprias versões Meus dedos e seus olhos, nossos corpos em um encontro intempestivo Com as palavras Escuso, escorregadio, inquieto com a eminência das definições Empurro para adiante o ponto Movo em linhas Contornos Desvios Uma dança (Des)equilíbrio Jogo, coisas Malabarismo Criação Performar a própria vida Cenas. Obra. Aqui sou palavras Aqui somos Variações de si: encontros e invenções A proposta intenta disparar nos corpos sensações e pensamentos sobre/com este corpo que se é, suas singularidades, a partir/com este contato com o outro, com quem se joga, e deste outro que me torno nesse encontro: uma outra versão, o que posso vir a ser, em composição com as forças que me afetam neste jogar. Então, um encontro consigo enquanto encontro com o outro, com as versões de si, e um outro que posso me tornar, como invenção. Para tanto, jogamos com referencias da dança e do circo, num cruzamento que encontra convergência nas técnicas de equilíbrios partilhados: a partir das portagens circenses e do contato improvisação com a dança. A nossa via de interesse aqui é o recorte do contato entre esses corpos e o (des)equilíbrio reencontrado nesse desequilíbrio partilhado: desequilíbrio a mim e me reequilíbrio com o outro. E aqui nos remetemos a ideia do equilíbrio como a centralidade sobre uma base firme, que me mantém em pé, e que define quem sou. Neste encontro, em contato, sou uma parte de um todo que se equilibra em união, composto por fragmentos singulares. Fragmentos em jogo, que se unem e se separam, em variações, de sensações, de sentidos, de versões de si. Então, provocar em jogo o desequilíbrio para mover essa centralidade que nos identifica, e encontrar/criar outras versões de si em partilha: novas (des)centralidades, mais móveis, fluídas, incertas e potentes enquanto dispostas ao movimento, ao devir: "para o abraço mutante de tantas versões como queira conhecer". [1] Diego Esteves: Artista da cena com ênfase em dança e circo, educador, graduado em Educação Física (UNISC 2006/2), mestrando em Educação UFRGS na linha de pesquisa Filosofias da Diferença e Educação. Integrante do Estudos do Corpo. [2] Estudos do Corpo está no 6º ano de trabalhos coordenado por Wagner Ferraz, atualmente integra as atividades da Ação de Extensão Corpo, Arte e EnSigno – Produções (IA/UFRGS) coordenada pela prof. Drª Paola Zordan. Mais informações em: www.estudosdocorpo.weebly.com [3] Ateliê da artista Paola Zordan, quem também atua como professora e do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IA/UFRGS), e do Programa de Pós-Graduação da mesma universidade. [4] Juan Carlos Onetti, El pozo e Antoine Compagnon, O trabalho da citação [5] Jorge Drexler e Pablo Neruda. ![]()
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